O botox e a bexiga hiperativa. Parte 2 - A missão

em 11 de setembro de 2013

Depois de  muito tempo de inatividade volto a publicar no blog. Desta vez, retomando um assunto do qual já falei em outra oportunidade. Quem não leu, é só clicar aqui.
A perda de movimentos é a sequela mais visível para quem sofreu uma lesão medular, mas não é a única. Dentre os mais complicados está a bexiga neurogênica, que é uma disfunção urinária causada, neste caso, pelo trauma no sistema nervoso central. A bexiga neurogênica pode ser hipoativa (incapaz de contrair e esvaziar completamente) ou hiperativa (esvaziando por reflexos incontroláveis), no meu caso, a segunda predomina.
Para melhorar a convivência com essa situação adota-se o uso de medicamentos anticolinérgicos, que inibem essas contrações involuntárias, combinados com o autocateterismo, que é a passagem de uma sonda pela uretra para esvaziar a bexiga em intervalos regulares (o que já é um grande impacto na qualidade de vida, mas ainda a melhor opção). Acontece que em alguns casos a resposta a esse tratamento não é eficiente e é preciso buscar outras alternativas, é aí que entra a toxina botulínica.
O botox, como é conhecido, é aplicado em alguns pontos da musculatura responsável por essas contrações, paralisando-as temporariamente. É exatamente a mesma substância utilizada nos procedimentos estéticos para acabar com as temidas rugas. Em outubro de 2010 me submeti ao procedimento e percebi uma melhora sutil, mas que não teve um grande impacto na minha qualidade de vida, as urgências miccionais diminuíram um pouco, mas eu esperava mais e aquilo foi um tanto desanimador.
Agora, três anos depois, cansado dessa convivência conflituosa, resolvi tentar de novo. Esperei cerca de um mês pra relatar as minhas impressões e posso dizer que dessa vez o resultado foi bem melhor. Me sinto muito mais confortável sem precisar ficar mijando toda hora. Mas é claro que não é uma solução mágica, o autocateterismo (ou cat, como nós malacabados chamamos carinhosamente), continua fazendo parte da rotina. Já o uso dos medicamentos pode ser suspenso por completo em alguns casos enquanto o efeito da toxina está ativo, não foi o que aconteceu comigo. Fui diminuindo gradativamente o uso dos remédios até parar completamente, mas percebi que ainda precisava de uma "ajudinha" medicamentosa e retomei o uso, desta vez com uma dose bem menor.
O efeito da toxina dura alguns meses e vai perdendo força gradativamente, de forma que o procedimento precisa ser repetido ao longo do tempo. Mas é um procedimento bem simples, uma cirurgia sem cortes, feita via uretra e sem pré nem pós-operatórios complicados. Claro que passar por uma internação e todo esse processo é um pouco cansativo e, como eu disse, o botox não é uma solução mágica, mas uma alternativa por uma melhor qualidade de vida.
À medida que for percebendo as mudanças venho contá-las por aqui, além de outros assuntos interessantes a serem abordados no blog. Sei que tenho andado muito ausente do "Rodas", mas vou tentar movimentar um pouco as coisas. E assim a gente vai levando, foco no presente e bola pra frente.
Beijos nas crianças!


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