A casa do Senhor.

em 27 de janeiro de 2011


Ontem eu fui à missa de formatura do meu primo, aqui na catedral de Aracaju. Como era de se esperar, a igreja estava lotada e o espaço em volta dela todo ocupado por carros, não estava tão iluminada, nem com tanto espaço livre como nessa foto aí em cima. Fui dirigindo com minha mãe, minha prima e meu priminho (filho dela) de passageiros. Meu pai, que já tinha chegado antes à igreja, nos ligou duas vezes, preocupado com o meu acesso. Estacionei o carro na rua, passei pra cadeira e fui em direção à praça onde fica a igreja.
Eis que pra minha surpresa (na verdade nem foi tão surpreendente assim), a passagem por onde eu deveria chegar à rampa estava bloqueada por alguns carros. Grande novidade! Meu pai foi logo sugerindo que me levantassem, me colocassem em cima do canteiro, pra que eu pudesse descer mais na frente. Como eu já disse num post anterior (pra ler é só clicar aqui), não gosto de ser carregado, além de ser um pouco incômodo, não é muito seguro. Preferi dar uma volta e ver se conseguia passar por algum lugar, mesmo com a insistência do meu pai: "Não tem lugar! Não dá pra passar, eu já vi tudo por aí!".
Quem me conhece sabe que eu sou teimoso e que pra mudar minha opinião você vai ter, no mínimo, um pouco de trabalho. Minha teimosia foi recompensada, consegui encontrar espaço entre alguns carros pra passar com a minha cadeira e cheguei até os degraus que davam acesso à majestosa Catedral Metropolitana de Aracaju. Chegando lá, meu tio Neto, sugeriu mais uma vez que eles me levantassem pra colocar lá em cima. Vocês acham que ele me convenceu? Conversei com o rapaz que estava com um isopor vendendo bebidas, pedi licença pra duas ou três pessoas e voilà! Como que por mágica, cheguei à rampa.
Mas por Deus, por que tanta dificuldade pra chegar à casa do Senhor? Tudo bem que eu não sou um menino religioso, não gosto de frequentar a missa, etc. Mas não fui comunicado que estava proibido de frequentar a casa Dele. Bom, pelo menos até agora Ele não me enviou nenhum anjo, como costumava fazer antigamente, segundo a Bíblia, nem sequer um memorando, uma circular que fosse, pra me informar que eu estava proibido de frequentar Sua casa.
Toda essa baboseira é só pra lembrar que o acesso universal deve ser pensado e preservado por todos, a começar pelos motoristas que estacionaram os carros na passagem que dava acesso à rampa. Acho que vou protocolar uma reclamação formal, pra garantir o meu acesso todas as vezes que eu decidir ir à igreja, só não sei como fazer isso. Alguém aí tem o telefone do SAC do céu?

Abuso de autoridade + Preconceito = ?

em 20 de janeiro de 2011

Nem vou escrever a respeito, basta assistir o vídeo.

Altos e baixos

em 8 de janeiro de 2011

Isso é normal, todo mundo tem seus altos e baixos”. Essa é a frase que eu mais ouço quando digo que estou passando por um período difícil. Fato é que eu não lembro de me sentir assim antes do acidente, antes da lesão medular. Quando eu digo “me sentir assim”, me refiro ao simples fato de estar insatisfeito, cansado de conviver com o meu corpo nessas circunstâncias, da minha qualidade de vida (que não é grande coisa). É mais que compreensível.
Não passo a vida reclamando, as coisas são como são e eu tenho que lidar com a situação como ela se apresenta. Minha vida segue normalmente, eu sigo estudando, trabalhando, saindo com os amigos, tomando cerveja (bastante ultimamente)... mas chega um momento que cansa. Remédios, cateterismo, coletor urinário, espasticidade, infecção urinária, dor nas costas, nos ombros, no pescoço, fisioterapia, cadeira de rodas. Puta que pariu!
Já fiz terapia por um tempo, conversava bastante sobre isso, chegava ao ponto de me tornar muito repetitivo. A terapia não faz milagres, ela tem limites mas me ajudou bastante. Lá eu cheguei à conclusão que reclamar, botar as angústias pra fora e desabafar ajudam, mas não resolvem o problema. Depois de pouco mais de um ano de terapias semanais eu cheguei a uma conclusão: “Agora você precisa aprender a lidar com isso, conviver com suas frustrações e seguir em frente assim mesmo”. E é isso que eu faço, mas como eu disse, chega uma hora que cansa.
De vez em quando tudo parece estar indo bem, eu fico super tranquilo, focado e parece que a lesão medular nem tem um impacto tão grande assim na minha vida. Mas de repente... bum! O tempo vira. Às vezes sem nenhuma razão aparente, outras vezes acontece alguma merda que me joga pra baixo. Pode ser um machucado que eu não percebi (por causa da diminuição na minha sensibilidade), um fato que me colocou em situação de dependência de outra pessoa, uma infecção urinária, etc.
Essa oscilação de humor acontece comigo e parece ser mais uma coisa com a qual eu tenho de aprender a conviver. Eu fico um pouco mal-humorado e sem muita disposição pra fazer as coisas, mas não é o fim do mundo. Não demora muito e é preciso sacudir a poeira pra seguir em frente do jeito que dá. Aí é só voltar a sair com os amigos, encher a cara, fazer alguma merda (ou rir das merdas que os outros fazem). E tudo fica bem de novo.


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