I Meia Maratona de Sergipe - 2011

em 12 de dezembro de 2011

Mais um dia, mais um desafio vencido. Ontem, 11 de dezembro de 2011, corri a minha primeira Meia Maratona. Foi a primeira vez que a prova aconteceu no estado de Sergipe, o clima estava ótimo, o sol estava pegando, mas a brisa do mar ajudava a diminuir a sensação de calor. A largada, que devia acontecer às 6h30, atrasou um pouco e só aconteceu faltando uns cinco minutos pras sete horas. A prova dava três opções de distância: 6 Km, 13Km e 21 Km (que é a distância da Meia Maratona). Eu decidi encarar o desafio de correr os 21 Km, assumi comigo o compromisso de tentar e, se não conseguisse, paciência. Pois bem, largamos dos arcos da orla de Atalaia e seguimos o percurso, que pode ser visto abaixo.

O percurso.

Preparando para a largada.

Eu tinha instalado um ciclocomputador na minha bike há pouco tempo, é um aparelhinho que mede a velocidade e distância, e acho que isso me ajudou bastante, com o olho no dispositivo eu controlava a minha velocidade e foi mais fácil encontrar um ritmo confortável. Muito legal, eu conseguia visualizar minha velocidade real, a média e a máxima que consegui alcançar, além de saber a distância em que me encontrava, claro.

 Velocidade máxima: 34,6 Km/h.

Velocidade média: 17,5 Km/h.

 O percurso, apesar de longo, foi bem agradável. A brisa tornava o calor mais suportável e o trajeto era predominantemente plano, o mais difícil foi depois dos 17 Km, o trecho final da prova era à beira-mar, sem nenhuma barreira arquitetônica que barrasse o vento, eu fazia muita força nos braços, mas o vento me empurrava pra trás e eu não conseguia desenvolver uma boa velocidade como no início da prova, além do cansaço, que dificultava ainda mais.
Lá pela metade da prova, um caminhão pipa parado no meio do percurso jogava água nos atletas, e vou dizer que isso me deu uma revigorada. No mais, foi manter o ritmo, o legal dessa prova longa é observar como o corpo se comporta, às vezes você está tão cansado que acha que não vai aguentar, mas logo depois vem uma descarga de adrenalina, endorfina e sei lá mais o quê, e você ganha fôlego novo pra continuar.
Infelizmente não consegui encontrar o meu tempo oficial no site pra postar aqui, mas terminei a prova entre 1h10min/1h11min, um resultado melhor do que eu esperava. Pra quem não sabia se ia sequer conseguir terminar a prova, foi ótimo. A cada prova realizada me empolgo mais com a handbike e vem a vontade de encarar novos desafios, por agora não tenho nenhuma prova em vista, mas em breve terei novidades a respeito. Abaixo, o vídeo e o link com a matéria sobre a prova. Beijo nas crianças.

 Recebendo a medalha.

http://www.atalaiaagora.com.br/video.php?v=10344&t=PROVA+MEIA+MARATONA+-+REALIZACAO

Volta de Aracaju 2011

em 30 de novembro de 2011


Em tempo! Demorei um pouco pra postar, mas aqui vai. No último dia 15 de novembro aconteceu a Volta de Aracaju, uma corrida de rua que já se tornou tradicional aqui na cidade. Diferente da Night Run, a corrida aconteceu durante o dia e a largada foi às 8h da manhã. O sol, por sinal, estava de rachar e vários atletas passaram mal.

A largada dos atletas com deficiência.

Foi apenas a segunda corrida que participei, um bom desafio, já que o percurso de 10 Km era até então o maior que eu já tinha enfrentado em uma prova. O trajeto seguiu por grandes avenidas da cidade e o apoio das pessoas que assistiam na rua foi muito marcante. A prova tinha dois grandes desafios, subir dois viadutos. O primeiro, na Av. Tancredo Neves, não me preocupava tanto, por ser no início da prova e ter uma subida mais suave, já o da Avenida Nova Saneamento, passando sobre a Av. Hermes Fontes, é muito íngreme e eu tinha sérias dúvidas se ia conseguir subir. Sim, porque andando é mole, mas levando o corpo todo só com a força dos braços é que fica difícil.

Eu, assim que tinha me transferido da cadeira pra hand, ao lado do meu segurança, Amós.

Enfim, logo no começo consegui me destacar, mesmo porque eu era o único atleta deficiente com uma handbike e, admito, isso já me dava uma boa vantagem. Mas a minha preocupação não era ganhar a corrida, e sim completar a prova. Segui na frente por todo o percurso, enfrentando sol e calor fortíssimos, mas aproveitando bastante a experiência. Devo admitir que gostei bastante da corrida: a adrenalina da prova, o clima de competição, o apoio dos espectadores e, mais do que tudo, a sensação de velocidade e liberdade que a handbike proporciona, é uma sensação que eu sentia bastante falta desde o acidente. Claro que eu já tinha andado bastante com ela, mas correr pelas ruas e avenidas da cidade dá uma sensação diferente.

Preparando pra largada.

No fim das contas cheguei em primeiro entre os atletas com deficiência, mas como eu disse, não estava muito preocupado com isso, fiquei muito satisfeito por ter completado o percurso e cheguei muito bem fisicamente. O meu tempo foi de aproximadamente 33 minutos (não peguei o tempo oficial). Meus parceiros Gilvan e Ulisses (que correu comigo a Night Run), chegaram em segundo e terceiro, respectivamente.  No feminino, nossa amiga Gil, que também treina basquete conosco, foi a campeã.

A chegada.

Pódio.

Essa grande experiência me deixou ainda mais empolgado e já me inscrevi na Meia-maratona de Sergipe, que acontece no dia 11 de dezembro e terá a largada nos arcos da Orla de Atalaia.

Aracaju Night Run 2011

em 8 de novembro de 2011


No último dia 5 eu participei da corrida noturna Aracaju Night Run. É uma corrida de revezamento em dupla com um percuso total de 9 Km, divididos entre os integrantes. Essa foi a primeira vez que participei de uma prova de rua e gostei bastante. O meu parceiro nessa empreitada foi o meu amigo Ulisses Freitas, também cadeirante e integrante da equipe de basquete do CIEP.


 


Os 4,5 Km serviram de preparação para a Volta de Aracaju, uma prova tradicional aqui da cidade que tem um percurso de 10 Km passando por importantes avenidas. No próximo dia 15 vou encarar esse novo desafio, já pensando em treinar mais pra cumprir distâncias maiores.
Como primeira experiência a Night Run foi muito legal, a minha handbike atraiu muitos olhares curiosos. Como nós éramos os únicos atletas com deficiência a participar da prova, os incentivos vindos da platéia e dos outros atletas foram bem marcantes.



Eu não tive grandes dificuldades pra completar o percurso, a bike deu conta do recado tranquilamente. Mas Ulisses enfrentou um grande desafio, já que correu com a cadeira de basquete, tendo trocado apenas as rodinhas pequenas por outras maiores e mais resistentes. A cadeira, que foi feita para pisos lisos e planos, sofreu bastante, perdia tração e parava no piso àspero. Mas com força de vontade e muita força física, meu parceiro concluiu o percurso. O cara é guerreiro.



Agora é continuar me preparando durante essa semana para encarar os 10 Km da Volta no próximo dia 15. Vamo que vamo.

Regional Nordeste de Basquete em Cardeira de Rodas - RECIFE 2011

em 26 de outubro de 2011

Poizé, voltamos de mais um campeonato e, infelizmente, a competição foi marcada pela desorganização e falta de condições para os atletas. Uma série de questões políticas envolvendo a Confederação quase impediu a competição de ser realizada, que chegou a ser adiada mais de uma vez. No fim das contas, o campeonato aconteceu, mas foi marcado por uma série de problemas.


Pra começar, o Tigres, do Rio Grande do Norte, realizou uma série de transferências eticamente questionáveis, mas que, devido a algumas brechas no regulamento, foram consideradas legais, o que causou revolta nos outros times. Diel, nosso cordenador técnico e responsável pela equipe, estava tão indignado que declarou que, se dependesse dele, voltaríamos pra casa. Mas deixou a decisão a cargo dos atletas, que decidiram ficar. Afinal, ninguém queria jogar fora um ano de preparação. Fato é que o time potiguar montou uma equipe com nível técnico muito alto e acabou campeão.
Cerca de 25 dias antes do início da competição, a CBBC, que sempre arcou com a hospedagem, avisou que não pagaria o hotel e as equipes que quisessem precisariam pagar R$ 300,00 por atleta. Com as duas equipes que levamos, nós do CIEP (Centro Integrado de Esporte Paratleta), teríamos que conseguir pouco mais de R$ 8.000,00 pra colocar todos no hotel, o que não aconteceu, claro. Finalmente, todas as equipes que não ficaram em hotel seriam colocadas no alojamento conseguido pela Confederação. Ficamos no 4º Batalhão de Comunicação do Exército, na BR-101, entrada de Recife. Além de longe dos locais de competição, o quesito acessibilidade não foi levado em consideração, algo inconcebível em uma competição para atletas com deficiência. O dormitório era apertado e desconfortável, os vestiários eram coletivos e de difícil acesso. Pra completar, a comida estava péssima. Alguns atletas até tiveram alguns problemas intestinais.

 O espaço entre as camas era pequeno para a circulação das cadeiras

 O vestiário não tinha boa acessibilidade. A cadeira de banho ao fundo é a minha,

As portas que davam acesso aos sanitários eram muito estreitas.

Mas a situação não era "privilégio" nosso, as outras equipes, com poucas exceções, enfrentaram as mesma condições. Enfim, com toda a desorganização a competição aconteceu. Mesmo com o desencontro de informações, tabela de jogos mal feita, trocas de ginásio e outros problemas, as equipes se dedicaram e fizeram um belo campeonato.
Nós da equipe A terminamos em terceiro, após uma bela vitória de virada sobre a equipe do Ceará. Infelizmente apenas duas equipes se classificam para o brasileiro e como não conseguimos repetir o resultado do ano passado, quando ficamos em segundo, não nos classificamos. A equipe B sofreu com o nervosismo e a ansiedade e sabe que poderia ter ido melhor, mas terminou no sétimo lugar.
Apesar dos problemas, rimos bastante e nos divertimos, isso que importa. E que venha o próximo.

Fecharam a cancela no GBarbosa.

em 17 de outubro de 2011

Dia desses eu tava por aí na balada (porque ninguém é de ferro) e antes de voltar pra casa, pra variar, decidimos ir comer alguma coisa. Estávamos eu, minha amiga Paloma e meu recém-amigo made in Spain, Sergi. Decidimos ir comer um sanduíche no Subway, anexo ao supermercado GBarbosa na Avenida Francisco Porto, uma via importante aqui de Aracaju.
Eis que, chegando lá com uma fome dos infernos, diga-se de passagem, encontro uma cancela fechada com cadeado. Perguntei-me eu a mim mesmo: "Que porra é essa? Será que eles têm problemas com bois e animais afins por essas bandas? Ou não gostam de aleijados, mesmo?". Chamamos um funcionário da lanchonete e eu perguntei o por quê, ele me informou que aquilo era de responsabilidade do supermercado, que fechava aquela cancela todo dia.


Procurei outro acesso pra entrar e encher o bucho, e nada. Como eu já estava com o "estambo" colando nas costas resolvi aceitar ser carregado, o que não é muito seguro, muito menos agradável (confesso que eu também estava com um pouco de medo porque o meu amigo espanhol já tinha tomado umas caipirinhas). Sergi e o funcionário muito solicito me ajudaram a entrar e sair, depois de comer, claro. Dias depois, comentei com meu amigo Bruno a respeito, o pai dele trabalha para o GBarbosa, e ele disse que ia procurar saber.
Tempinho mais tarde, minha cunhada Érica, disse ter passado por lá e viu a cancela aberta. Eu ainda não fui conferir de novo, mas acredito que se essa informação chegar ao pessoal do supermercado eles vão dar um jeito. Parece que esse cercadinho foi feito em volta do supermercado pra evitar que os carrinhos sejam levados embora, fato constante aqui em Aracaju, mas a solução encontrada não pode cercear o meu direito de ir e vir.




Quem sabe outro dia, numa das minhas raras saídas pra balada, eu não vá lá conferir?

Sonhos

em 7 de outubro de 2011

Há algumas semanas aconteceu uma coisa que eu não sabia se devia dividir com todos aqui no blog. Nada demais, nada vergonhoso, mas eu sempre fui muito reservado e não sabia se ia me sentir à vontade pra revelar o acontecido. Enfim, refleti um pouco e cheguei a conclusão que não tem nenhum problema. Então aqui vai.
Tinha sido um dia cansativo, já era quase meia noite e eu tinha ido deitar. Cansado e com sono, fiquei devaneando antes de dormir. Estava naquele estágio, entre o acordado e o sono e comecei a imaginar uma festa aqui em casa. Família e amigos presentes, todo mundo bastante feliz, conversas pra cá e pra lá, até que me dou conta da razão daquela reunião.
No meu sonho, aquela festa estava sendo realizada pra comemorar a minha recuperação completa, a vitória sobre a lesão medular (se é que se pode chamar assim). Eu estava andando todo serelepe (o que não é grande novidade, é comum que eu me veja assim nos meus sonhos), conversando com todo mundo, sorrindo e ouvindo as histórias. Em determinado momento, pego o microfone pra fazer um discurso de agradecimento.
Nessa hora eu já estava mais desperto, o sono já tinha perdido pra empolgação que eu sentia, mas, mesmo meio acordado, eu não queria sair daquele sonho e continuei ensaiando o discurso. Agradecia ao meu pai pela dedicação incondicional; à minha mãe, que por um bom tempo abdicou da própria vida e do trabalho pra me acompanhar; aos meus dois irmãos, que nas palavras que me vinham à cabeça naquele momento, tinham sido, muitas vezes, minhas pernas esquerda e direita; tios, primos e amigos que estiveram presentes nos momentos difíceis.
De repente, as lágrimas que rolavam no sonho começaram a invadir a minha realidade e eu estava chorando de verdade, na cama, enrolado no lençol e sentindo como se aquilo estivesse mesmo acontecendo. Lembrei de toda a dor física e psicológica, dos planos desfeitos, das expectativas frustradas... tudo por que eu tinha passado ao longo desses cinco anos. Fiquei assim por alguns minutos, não sei ao certo quanto, até me recompor e voltar à realidade.
Quero dizer que eu não vivo remoendo o passado, não fico preso ao "e se", imaginando como as coisas teriam sido se isso não tivesse acontecido comigo. Nem acho isso saudável, o melhor mesmo é viver o presente e olhar para o futuro. Mas, pelo menos pra mim, o sonho de voltar a andar e controlar o meu corpo continua vivo, ainda que eu tenha escolhido viver a realidade como ela se apresenta hoje. A possibilidade de não voltar a andar existe e eu aprendo diariamente a lidar com ela, mas o sonho de recuperação está vivo e eu preciso dele pra seguir em frente. Essa é a minha maneira de ver as coisas, mas entendo que cada um tenha suas próprias experiências e expectativas.
Pra terminar, deixo dois trechos de duas músicas que gosto bastante e que, acredito, têm a ver comigo e com um pouco do que eu disse aqui:

Trecho de O Vencedor - Los Hermanos


"Eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz"


Trecho de Além do que se vê - Los Hermanos

 "É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê"

Mais uma experiência com células tronco

em 16 de agosto de 2011

Experiências feitas com cães que sofreram lesões na medula têm obtido bons resultados na USP.


FMVZ usa células-tronco para tratar lesão de coluna em cães


O lhasa apso Bond voltou a abanar o rabo, o que não fazia antes da cirurgia
Duas teses em andamento na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP utilizam injeções de células-tronco em cães com lesões crônicas de coluna lombar e com restrições de movimento. A iniciativa, aliada fisioterapia pós-operatório, já apresenta resultados promissores: alguns dos animais que receberam injeções de células-tronco voltaram a apresentar movimentos.
As pesquisas  são realizadas pelos médicos veterinários Carlos Alberto Palmeira Sarmento e Matheus Levi Tajra Feitosa junto ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Terapia Celular (INCTC) com colaboração do Hemocentro de Ribeirão Preto. Carlos Sarmento trabalha com células-tronco extraídas de medula óssea fetal canina proveniente de campanhas de castração. Já Matheus Feitosa utiliza células-tronco obtidas da polpa de dente de leite de crianças.
“Analiso os resultados do meu trabalho com bastante otimismo, apesar de saber que é necessário um trabalho de fisioterapia contínuo. Mas acredito que com esta e outras pesquisas, os estudos envolvendo células-tronco possam apresentar resultados cada vez melhores”, aponta Carlos Sarmento, que é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes). A pesquisa é orientada pela professora Maria Angélica Miglino, da FMVZ, e deve ser defendida em 2012.

Veja abaixo o vídeo produzido pela Agência USP de Notícias / Mídias Online


Já Matheus Feitosa pondera que “Apesar de promissores, os resultados são fruto de pesquisas em animais e até se chegar a terapias válidas para seres humanos, ainda teremos um longo caminho pela frente. Por isso, não podem ser encarados como uma possível cura para humanos com lesões medulares”, ressalta, lembrando da importância da realização de outras pesquisas na área. Feitosa é bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O professor Carlos Eduardo Ambrósio, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, é o orientador da pesquisa, que tem defesa prevista para o final de 2011.
Os dois pesquisadores realizaram os testes em cães considerados “desenganados” pela medicina veterinária: com lesões crônicas de coluna há anos ou vários meses e que têm graves dificuldades motoras, como perda severa de sensibilidade nas patas traseiras, e que já realizaram cirurgia para corrigir a lesão, sem resultados satisfatórios, ou que estavam passando por tratamentos alternativos como acupuntura e fisioterapia sem apresentar melhora no quadro clínico.
Um dos diferenciais do projeto, de acordo com os pesquisadores, é que a solução de células-tronco é injetada tanto no local exato da lesão da coluna lombar como também um pouco antes e um pouco depois do lugar lesionado. Um exame de ressonância magnética  fornece um diagnóstico preciso do local exato da lesão. Após a cirurgia, os animais continuam fazendo fisioterapia cerca de três vezes por semana em sessões de aproximadamente 1h30, durante três meses, com a finalidade de estimular a musculatura, que estava atrofiada. Este trabalho de fisioterapia veterinária é realizada na clínica da doutora Helena Sakata.


Após a cirurgia, o animal deve fazer, no mínimo, 3 meses de fisioterapia para estimular a musculatura

Resultados

Carlos Sarmento já realizou a cirurgia de aplicação de células-tronco em 3 cães ao longo do mês de abril: no dia 11, no daschund Fred, que tem atrofia e contratura muscular; no dia 12, no daschund Bola, que apresenta somente atrofia, e, no dia 25, no lhasa apso Bond, que apresenta somente atrofia muscular. “As lesões desses três animais são idênticas, mas o comprometimento muscular é distinto”, esclarece.
O cão Bond mostrou os resultados mais satisfatórios até agora: tenta levantar as patas traseiras, voltou a abanar o rabo (o que não fazia antes da aplicação com células-tronco), consegue apoiar as duas patas traseiras na esteira aquática e “anda” dentro d’água, sem nenhum apoio. Os pesquisadores utilizaram uma escala comportamental para avaliar a locomoção dos animais (escala de Olby et al) que varia de 0 (nenhum movimento) a 14 (movimento normal). “Sobre o Bond, pode ser dito que saiu de um escore 3 para um 5. Ele dá passos com o membro direito e começa a usar as articulações do membro esquerdo, que não utilizava antes da cirurgia”, informa Sarmento.
O cão Fred não apresentou nenhuma melhora após a intervenção. “Como o quadro deste cão era mais grave antes da cirurgia de aplicação de células-tronco, será necessário investir mais em fisioterapia, para diminuir a contratura e aumentar a amplitude do movimento”, diz o veterinário. Já o cão Bola também não apresenta uma boa resposta ao tratamento. Segundo o veterinário, há ainda dois cães recrutados e que  receberão as injeções com células-tronco.


Bond consegue apoiar as duas patas traseiras na esteira aquática e “anda” dentro d'água, sem nenhum apoio

Matheus Feitosa já tem três cães selecionados. A cirurgia de aplicação de células-tronco foi feita em um deles, o lhasa apso Juquinha, em 9 de dezembro de 2010. Antes da intervenção, o animal apresentava movimento de poucas articulações, mas não conseguia suportar o próprio peso sozinho e andava arrastando as patas traseiras. “Este cão se encontrava no número 4 da escala. Com 30 dias após a cirurgia, ele passou a apoiar as duas patas sozinho e já consegue andar na esteira aquática sem nenhum apoio. Ele foi do grau 4 para o 8, e chegou até o 10”, descreve Feitosa. “Operamos outro cão, o daschund Billy no último dia 7 de junho e ele vai iniciar a fisioterapia nos próximos dias. No entanto, como apresenta obesidade mórbida, tem um prognóstico mais reservado. O escore dele está entre 1 e 2”, completa.

Seleção

Os cães foram selecionados em uma clínica de fisioterapia animal na grande São Paulo. Os proprietários passaram por uma entrevista, onde os pesquisadores apontaram os riscos do estudo. Os animais cujos donos aceitaram participar do projeto realizaram uma série de exames pré-operatórios no Hospital Veterinário de Cães e Gatos, em Osasco, na Grande São Paulo.
Os cães aprovados nos testes foram encaminhados para o exame de ressonância magnética. A quarta etapa foi a própria cirurgia. Por fim, os animais passam novamente por outro exame de ressonância magnética a fim de mostrar se houve regeneração do local onde as injeções foram aplicadas.

Logotipo inclusivo

em 15 de agosto de 2011

É indiscutível que a preocupação com a acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência vem ganhando mais espaço, não apenas na cabeça das pessoas, mas também nas políticas públicas. O preconceito e a visão antiquada de que essa faixa da sociedade não pode ter uma contribuição relevante vem diminuindo, ainda há muito o que fazer, mas que as coisas vêm aos poucos melhorando, isso vêm. Meu irmão tirou essa foto e mandou pro meu e-mail, é o logotipo da prefeitura de Cristinápolis, uma cidade aqui do interior de Sergipe, que chamou a atenção dele. Espero que essa atenção se reflita no trabalho diário da prefeitura, mas de qualquer forma, fica aqui o registro:


Cinco anos não são cinco dias

em 21 de julho de 2011

Cinco anos se passaram, no dia 21 de julho de 2006 minha vida mudou radicalmente. Hoje, exatamente cinco anos depois, posso dizer que superei muita coisa. Acordar na UTI sem ter a mínima idéia do que tinha acontecido não foi fácil, ainda mais percebendo que não conseguia mexer quase nada do pescoço pra baixo.
Na sexta-feira passada, conversando com meu amigo Pedro, eu comentava sobre o dia de hoje e ele dizia: "Eu lembro". Ele, médico, me contou que assim que ficou sabendo do ocorrido, procurou as informações do Hospital Regional de Taubaté na internet, ligou pra lá e pediu pra falar com o plantonista. Se identificou e pediu informações sobre o meu caso, assim que ouviu o que estava no prontuário, pensou: "Fodeu!".
Passados cinco anos, eu consigo até rir desses fatos, mas não foram tempos fáceis. O importante é estar aqui! Satisfeito ou não com a situação, tenho que tentar construir a minha vida na realidade que vivo, que hoje é a cadeira de rodas. Olhos no futuro, cabeça no presente.


Aquele abraço!

Cozinha conceito

em 27 de junho de 2011

Dica que eu vi no Mão na roda. Achei a cozinha muito legal e bonita. Resolve todos os problemas pra quem mora sozinho, inclusive se for cadeirante. Claro que deve custar os olhos da cara, mas que é legal, isso é.

http://www.hypeness.com.br/2011/06/cozinha-inovadora/

Pra descontrair...

em 9 de junho de 2011

O cara estava bebendo num bar.
Como era o último cliente, o funcionário informou-o que que ele tinha que sair, pois iam fechar.
O cara levantou-se e caiu no chão . . .
Novamente, tentou levantar-se e caiu outra vez.
Optou por arrastar-se até à porta do bar.
Tentou levantar-se e voltou a cair.
Já na rua, tentou levantar-se e caiu novamente.
Foi assim para casa . . . tentando levantar-se e caindo.
No dia seguinte, já em casa e pela manhã, a esposa comentou:
- Puta porre ontem a noite, hein?! 
- O que!!! . . . como é que você sabe que eu cheguei bêbado? 

- Telefonaram do bar . . . você deixou sua cadeira de rodas lá....

Minha primeira bicicleta

em 30 de maio de 2011

Lembro de uma campanha publicitária da Caloi que marcou a minha infância. Nela as crianças escreviam bilhetes e deixavam em lugares estratégicos para lembrar a seus pais o que queriam de presente. Em todos os lugares possíveis tinham bilhetes com o lembrete: "Não esqueça a minha Caloi". Não encontrei o comercial que eu lembrava, mas achei um bem mais antigo, lá da década de 70, que ilustra a situação.


 A minha primeira bicicleta era uma daquelas bem pequenas, que a gente aprende a andar ainda com as rodinhas, aí tira a rodinha de um lado pra só depois andar sem nenhuma. Se não me engano, era uma bicicleta do Snoopy, vermelha com uns adesivos do personagem. Depois vieram outras, o tamanho foi aumentando até a adolescência, mas quando fiquei adulto perdi um pouco do interesse e não tive mais bicicletas. Aí veio o acidente. Vim parar na cadeira de rodas e bicicletas convencionais ficaram fora de cogitação, até que ouvi falar das handbikes. Comecei a pesquisar, procurar informações, mas não existiam fabricantes nacionais, só um modelo muito simples, sem graça, que não me agradou muito. Fui atrás das importadas e quase comprei uma pelo site bike-on, que tem muitas opções legais. Mas as bikes interessantes eram caras, o processo de importação um pouco complicado e a incidência de impostos as encarecia ainda mais, então adiei um pouco a compra.
Até que surgiu a Handvikn, o primeiro fabricante nacional, com um modelo bem interessante. Muito bonito e parecido com os modelos de competição. Pra inaugurar, a empresa fez uma promoção no blog Assim como você, um concurso cultural no qual a melhor resposta ganharia uma handbike e os vinte seguintes teriam um belo desconto na compra. Mandei a minha resposta, um poema que publiquei aqui no blog (clique aqui pra ler) e fiquei entre os vinte. Com o desconto, resolvi comprar minha bicicleta, que chegou semana passada.



Mas a chuva castigou Aracaju durante a semana e eu não pude testar o brinquedo, tive que aguentar a ansiedade. Ontem liguei pro meu primo Junior e fui com ele no Parque Augusto Franco, mais conhecido como Parque da Sementeira, e dei a primeira volta na bike. A experiência foi ótima, a sensação de velocidade que a bike proporciona é muito legal. A posição de "pilotagem" é quase deitada e fica bem próxima ao chão, o que aumenta ainda mais a sensação de velocidade. Dei várias voltas no parque e percebi que, graças ao basquete, meu condicionamento está em dia. Acelerei, desacelerei, peguei pequenos aclives, o que me possibilitou testar as marchas, tudo funcionou muito bem.
A handbike é um dos melhores investimentos que eu fiz como cadeirante, ela consegue proporcionar uma sensação de liberdade que fica muito restrita quando estamos na cadeira de rodas. A desvantagem dela é o tamanho, transportá-la vai exigir sempre a ajuda de outra pessoa, o que dificulta um pouco a situação. Mas o saldo é positivo, encontrei mais uma atividade que gostei de praticar e de quebra é uma melhora na qualidade de vida. Aos cadeirante que estiverem pensando em adquirir uma, eu recomendo. Aí estão as fotos do meu brinquedo novo, as imagens não ficaram muito boas porque já era noite e a câmera do celular do meu primo não ajudou muito, mas vale a intenção:



Em breve posto novas fotos e alguns vídeos. Beijo nas crianças!

Matéria do G1

em 20 de maio de 2011

Essa matéria do G1 trata de uma nova abordagem no tratamento de lesões na medula. Não se trata de uma cura, mas um avanço inquestionável no tratamento de lesões medulares. Segue a matéria:


Paraplégico consegue levantar e se mover após tratamento com estímulo elétrico

Americano havia perdido movimentos após acidente de carro; especialistas advertem que possibilidade de 'cura' ainda está longe.

Da BBC Brasil

O americano Rob Summers (Foto: AP)O americano Rob Summers (Foto: AP)
Um americano que perdeu os movimentos do tronco para baixo após sofrer um acidente de carro agora consegue se levantar, graças a um estímulo elétrico em sua espinha dorsal. Rob Summers, do Estado de Oregon, disse que ficar de pé sozinho 'é uma sensação incrível'.
Ele consegue mover voluntariamente seus dedos do pé, quadris, joelhos e tornozelos, além de andar em uma esteira com ajuda de terceiros, segundo pesquisa publicada no periódico especializado The Lancet. Mas um especialista britânico adverte que o caso não deve ser interpretado como a descoberta da cura para casos de paraplegia.
Eletrodos
Summers foi um bem-sucedido jogador de basquete até 2006, ano em que foi atropelado e teve sua espinha dorsal danificada.Com isso, sinais enviados pelo seu cérebro, que antes 'viajavam' pela espinha dorsal, foram bloqueados, e ele ficou paralisado. Agora, médicos implantaram 16 eletrodos em sua espinha.
Summers começou a ensaiar diariamente tentativas de se levantar e mover as pernas, enquanto sinais eletrônicos eram enviados para a espinha dorsal. Em questão de dias, ele conseguiu se levantar sozinho e, depois, obteve controle sobre suas pernas, de forma a dar alguns passos, por curtos períodos de tempo e com o amparo de ajudantes.
Ele recobrou, também, controle sobre funções corporais, como o funcionamento de sua bexiga. 'Nenhum de nós acreditou', disse o professor Reggie Edgerton, da Universidade da Califórnia.
Para Summers, 'foi uma longa jornada, de incontáveis horas de treinamento, que mudaram a minha vida completamente'. 'Para alguém que, durante quatro anos, não pôde mover sequer um dedo, ter a liberdade e a habilidade de levantar sozinho é uma sensação incrível', disse.
Advertências
Há outros quatro pacientes na fila para receberem tratamento semelhante ao de Summers.
O estudo prova que o estímulo elétrico pode ter sucesso, mas, para o professor Geoffrey Raisman, do Instituto de Neurologia da universidade britânica UCL, ainda que o caso seja de grande interesse, a aplicação desse tipo de tratamento no futuro 'não pode ser julgada com base em apenas um paciente'.
'Do ponto de vista das pessoas que sofreram lesões na espinha dorsal, futuros testes do procedimento podem criar mais uma abordagem de obter benefícios. Não se trata da cura.'
A médica Melissa Andrews, do Centro de Recuperação Cerebral, de Cambridge, 'as pessoas devem ler (o estudo) e saber que a possibilidade existe, mas pode não chegar amanhã. É o mais perto (da cura a paralisias) que já chegamos, e a melhor esperança no momento'.
Para Summers, sua história é uma 'mensagem de esperança para pessoas paralíticas quanto à (possibilidade) de andar novamente. É uma grande possibilidade'.

Essa saiu no Kibe Loco

em 18 de maio de 2011

Meu amigo Pedro me mandou o link desse post no Kibe Loco. Muito engraçado, hehehe.


CAJADADA

Um repórter da TV Antena 10, afiliada da Rede Record, foi gravar uma matéria na rodoviária de Teresina (PI) sobre as dificuldades de acesso que os deficientes físicos enfrentam em locais públicos. Para tanto, o jornalista ficou perto de uma escada e esperou que o primeiro necessitado aparecesse.
O problema é que… bem… o deficiente físico em questão não ajudou muito a reportagem

Cadeirantes e cidades históricas

em 10 de maio de 2011


 Nesse último sábado fui ao casamento de uma amiga em São Cristovão, que é a quarta cidade mais antiga do Brasil e foi a primeira capital de Sergipe. Tudo muito bonito: praças, igrejas, patrimônios históricos... Mas como toda cidade histórica, as ruas mais antigas são de paralelepípedo e os pisos das praças e calçadas são de pedra, tudo que um cadeirante adora.
O casamento foi muito bonito, igreja bem decorada, a felicidade no rosto das pessoas, noiva entrando ao som da Marcha Nupcial, parentes emocionados e... um degrau na entrada da igreja. Aí o cadeirante fica abandonado com cara de cachorro na porta da igreja (literalmente rsrsrsrs).



Claro que dava pra entrar na igreja com uma ajudinha, mas o clima lá fora tava tão bom que preferi ficar por lá a entrar e curtir um calorão. Depois da cerimônia houve uma recepção no espaço anexo, pertencente ao Convento de São Francisco, um lugar muito bonito. Pra entrar também tinha um degrau, mas recebi uma ajuda e entrei, afinal, eu não queria perder a boquinha.
Com o trabalhão que um casamento dá pra ser organizado seria pedir demais que a minha amiga Ingrid conseguisse providenciar rampas em todos os degraus, mas a questão não é essa. Uma cidade histórica, com monumentos tombados como patrimônio cultural da humanidade e pretensão de ser um destino turístico, bem que podia pensar em melhorar a acessibilidade.
Sabemos que com o tombamento dos monumentos não se pode mexer nas fachadas, nem fazer grande alterações estruturais, mas a gente sabe que com criatividade e, principalmente, um pouquinho de boa vontade é muito fácil resolver esse tipo de problema.

Em tempo: Logo que eu cheguei, dei de cara com uma cena incomum. Uma moça deficiente mental, estava na frente da igreja atirando pedras num cachorro e discutindo com as pessoas que a repreendiam. E como todos sabemos, nós cadeirantes atraímos esses tipos, digamos, incomuns. Ela andou pra cá e pra lá, olhou bastante e não resistiu. Encostou em mim e se virou pra minha amiga Paloma e disse: "Ele não fica em pé, não?", eu tomei a frente e respondi que não. "Nem quer tentar?", respondi negando. A reação dela foi a mais engraçada, bateu a mão nos quadris e fez cara de desanimada, como quem diz: "Poxa, acabou com a minha diversão". Já tô acostumado!

Ingrid, mais uma vez parabéns e muita felicidade.

Projeto Salve o Bumbum

em 29 de abril de 2011

Tá bom, tá bom. Eu sei que esse título é muito biba e vocês devem estar se perguntando: "O que deu nele? Será que ele mudou de time?". Não, não. De jeito nenhum. O título é pra falar de um assunto muito sério, que eu acho que não tinha comentado ainda no blog: as escaras.

"Escaras são feridas que surgem na pele quando a pessoa que permanece muito tempo numa mesma posição. É causada pela diminuição da circulação do sangue nas áreas do corpo que ficam em contato com a cama ou com a cadeira. Os locais mais comuns onde se formam as escaras são: região final da coluna, calcanhares, quadril, tornozelos, entre outros."

Pessoas com lesão medular têm uma grande tendência a desenvolver escaras por passarem muito tempo sentadas e pela diminuição ou ausência de sensibilidade em parte do corpo. Meu amigo Diel, fundador do CIEP, nosso time de basquete em cadeira de rodas, é quem mantém o time ativo. É o cara que corre atrás de apoio, locais para treino, materiais, etc. Ele vem há algum tempo tendo problemas recorrentes com escaras. E depois que a pessoa tem escaras pela primeira vez, a pele fica mais fina e suscetível a tê-las novamente, além de ser de difícil cicatrização. Daí, já viu né? O problema vira um ciclo vicioso.
Aí eu resolvi fazer uma campanha pra comprar uma almofada Roho pra ele, nascia o projeto SALVE O BUMBUM DO DIEL (brincadeiras a parte rsrsrs). Sem querer fazer propaganda, a Roho possui um sistema de células de ar independentes que aliviam a pressão e previnem escaras. O problema é que a almofada é muito cara e nem todo mundo tem condições de comprar. Falei com algumas pessoas e conversei com meus pais, juntamos contribuições e aproveitamos a viagem a São Paulo pra comprar a almofada pra ele na Reatech (feira internacional de tecnologias em reabilitação, inclusão e acessibilidade), onde os produtos costumam ser um pouco mais baratos.


Ontem fui com alguns amigos fazer uma visita e entregar a Roho (ele ainda não sabia). Conversa vai, conversa vem, eu falei: "Eu fiz um projeto chamado Salve o Bumbum do Diel, falei com algumas pessoas e consegui comprar uma Roho pra você". Ele ficou sem jeito, não quis acreditar e fez até menção de não aceitar o presente. Mas não tinha mais o que fazer, a almofada já tinha sido comprada e eu saí do quarto dele e fui até a sala pegar a caixa pra entregar em mãos. Diel ficou nervoso, a pressão subiu, ele pediu um café pra esposa e demorou um pouco até conseguir falar.


Passado o momento mais crítico, continuamos conversando sobre algumas coisas do CIEP com a nossa nova técnica, Wanessa, que também estava presente. A missão estava cumprida. Almofada entregue e todos satisfeitos com a novidade.
Agora é isso aí Diel, cuidar dessas escaras pra ficar logo 100% e sentar no fofinho (uuuiiiiiii) pra que elas não voltem. Continue correndo atrás pra manter o time do CIEP em atividade e cada vez mais forte. Força na peruca!

Aos olhos dos outros

em 4 de abril de 2011

Outro dia eu conversava com uma amiga que sofreu uma lesão medular há pouco tempo. No reveillon desse ano ela voltava de uma festa e sofreu um acidente de carro, lesionando a medula. De um tempo pra cá estamos conversando e eu tenho dado uma força nesse momento delicado.
 Essa fase de adaptação é muito difícil e uma das coisas mais complicadas é se acostumar com a sua "nova imagem". Sim, porque você passa a se ver de maneira diferente e é difícil encarar a cadeira de rodas como algo natural, olhar no espelho e se reconhecer ali é um desafio. Depois de um tempo no hospital chega a hora de voltar pra casa, é quando realmente cai a ficha: "Minha vida mudou!".
Aí a gente começa a encarar a mudança na rotina, na qualidade de vida. Remédios, sonda, fisioterapia e visitas ao médico se tornam comuns. E chega o dia de encarar a rua. Ela me contava que foi ao shopping essa semana, foi a primeira vez que saiu em público depois do acidente. "Não gostei das pessoas me olhando. Chorei!".
É dificil ser o alvo dos olhares, sentir-se diferente e chamar atenção por isso. As crianças, por exemplo, não escondem a curiosidade, mas esse é um sentimento legítimo, de quem não entende direito o que aquele cara ou aquela moça está fazendo sentado(a) naquela cadeira. Seu olhar ainda não está contaminado de preconceito, de falsos valores e concepções equivocadas, eu até brinco com as crianças, a mim seus olhares não incomodam.
Lembro das primeiras vezes que me dei conta dessa realidade, de sair na rua e encarar conhecidos e desconhecidos sob uma nova perspectiva, vivenciar situações com as quais eu estava acostumado de uma forma diferente, sentado numa cadeira de rodas. Até hoje, quase cinco anos depois, ainda encontro alguma dificuldade.
Eu falei pra ela e repito aqui. A gente precisa aprender a ignorar os olhares, colocar a nossa atitude acima do que as pessoas estão pensando e simplesmente seguir em frente. Acho que quando entendi isso tudo ficou mais fácil, os olhares até mudaram. Levantar a cabeça e olhar as pessoas nos olhos faz toda a diferança. Os olhares de pena, admiração, estranhamento e curiosidade ainda existem, mas eu passo por cima deles com as rodas da cadeira.
Tem muita gente que enfrenta dificuldades e ainda encara a realidade de peito aberto. A gente tem que estudar, trabalhar e se divertir, interagir com as pessoas por mais difícil que seja nossa situação. Não vou ser hipócrita de dizer que a minha realidade é maravilhosa e que estou satisfeito com a forma que as coisas estão, mas também não posso ficar só lamentando.
Pra quem encara diariamente esses olhares não existe outra saída, é dar as caras na rua e mostrar que existe, que também faz parte desse universo. Só assim pra mudar a forma como somos vistos aos olhos dos outros.

A casa do Senhor.

em 27 de janeiro de 2011


Ontem eu fui à missa de formatura do meu primo, aqui na catedral de Aracaju. Como era de se esperar, a igreja estava lotada e o espaço em volta dela todo ocupado por carros, não estava tão iluminada, nem com tanto espaço livre como nessa foto aí em cima. Fui dirigindo com minha mãe, minha prima e meu priminho (filho dela) de passageiros. Meu pai, que já tinha chegado antes à igreja, nos ligou duas vezes, preocupado com o meu acesso. Estacionei o carro na rua, passei pra cadeira e fui em direção à praça onde fica a igreja.
Eis que pra minha surpresa (na verdade nem foi tão surpreendente assim), a passagem por onde eu deveria chegar à rampa estava bloqueada por alguns carros. Grande novidade! Meu pai foi logo sugerindo que me levantassem, me colocassem em cima do canteiro, pra que eu pudesse descer mais na frente. Como eu já disse num post anterior (pra ler é só clicar aqui), não gosto de ser carregado, além de ser um pouco incômodo, não é muito seguro. Preferi dar uma volta e ver se conseguia passar por algum lugar, mesmo com a insistência do meu pai: "Não tem lugar! Não dá pra passar, eu já vi tudo por aí!".
Quem me conhece sabe que eu sou teimoso e que pra mudar minha opinião você vai ter, no mínimo, um pouco de trabalho. Minha teimosia foi recompensada, consegui encontrar espaço entre alguns carros pra passar com a minha cadeira e cheguei até os degraus que davam acesso à majestosa Catedral Metropolitana de Aracaju. Chegando lá, meu tio Neto, sugeriu mais uma vez que eles me levantassem pra colocar lá em cima. Vocês acham que ele me convenceu? Conversei com o rapaz que estava com um isopor vendendo bebidas, pedi licença pra duas ou três pessoas e voilà! Como que por mágica, cheguei à rampa.
Mas por Deus, por que tanta dificuldade pra chegar à casa do Senhor? Tudo bem que eu não sou um menino religioso, não gosto de frequentar a missa, etc. Mas não fui comunicado que estava proibido de frequentar a casa Dele. Bom, pelo menos até agora Ele não me enviou nenhum anjo, como costumava fazer antigamente, segundo a Bíblia, nem sequer um memorando, uma circular que fosse, pra me informar que eu estava proibido de frequentar Sua casa.
Toda essa baboseira é só pra lembrar que o acesso universal deve ser pensado e preservado por todos, a começar pelos motoristas que estacionaram os carros na passagem que dava acesso à rampa. Acho que vou protocolar uma reclamação formal, pra garantir o meu acesso todas as vezes que eu decidir ir à igreja, só não sei como fazer isso. Alguém aí tem o telefone do SAC do céu?

Abuso de autoridade + Preconceito = ?

em 20 de janeiro de 2011

Nem vou escrever a respeito, basta assistir o vídeo.

Altos e baixos

em 8 de janeiro de 2011

Isso é normal, todo mundo tem seus altos e baixos”. Essa é a frase que eu mais ouço quando digo que estou passando por um período difícil. Fato é que eu não lembro de me sentir assim antes do acidente, antes da lesão medular. Quando eu digo “me sentir assim”, me refiro ao simples fato de estar insatisfeito, cansado de conviver com o meu corpo nessas circunstâncias, da minha qualidade de vida (que não é grande coisa). É mais que compreensível.
Não passo a vida reclamando, as coisas são como são e eu tenho que lidar com a situação como ela se apresenta. Minha vida segue normalmente, eu sigo estudando, trabalhando, saindo com os amigos, tomando cerveja (bastante ultimamente)... mas chega um momento que cansa. Remédios, cateterismo, coletor urinário, espasticidade, infecção urinária, dor nas costas, nos ombros, no pescoço, fisioterapia, cadeira de rodas. Puta que pariu!
Já fiz terapia por um tempo, conversava bastante sobre isso, chegava ao ponto de me tornar muito repetitivo. A terapia não faz milagres, ela tem limites mas me ajudou bastante. Lá eu cheguei à conclusão que reclamar, botar as angústias pra fora e desabafar ajudam, mas não resolvem o problema. Depois de pouco mais de um ano de terapias semanais eu cheguei a uma conclusão: “Agora você precisa aprender a lidar com isso, conviver com suas frustrações e seguir em frente assim mesmo”. E é isso que eu faço, mas como eu disse, chega uma hora que cansa.
De vez em quando tudo parece estar indo bem, eu fico super tranquilo, focado e parece que a lesão medular nem tem um impacto tão grande assim na minha vida. Mas de repente... bum! O tempo vira. Às vezes sem nenhuma razão aparente, outras vezes acontece alguma merda que me joga pra baixo. Pode ser um machucado que eu não percebi (por causa da diminuição na minha sensibilidade), um fato que me colocou em situação de dependência de outra pessoa, uma infecção urinária, etc.
Essa oscilação de humor acontece comigo e parece ser mais uma coisa com a qual eu tenho de aprender a conviver. Eu fico um pouco mal-humorado e sem muita disposição pra fazer as coisas, mas não é o fim do mundo. Não demora muito e é preciso sacudir a poeira pra seguir em frente do jeito que dá. Aí é só voltar a sair com os amigos, encher a cara, fazer alguma merda (ou rir das merdas que os outros fazem). E tudo fica bem de novo.


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