Boa notícia

em 21 de outubro de 2009

O convívio com a lesão medular é muito difícil, é duro acordar todo dia com a incerteza a respeito da recuperação. A única coisa que podemos fazer é tentar conviver da melhor forma possível com a situação, da forma como ela se apresenta. Eu tento fazer isso, mas as vezes perco a paciência. No entanto, de vez em quando nos deparamos com boas notícias, e estas renovam as esperanças. Hoje dei de cara com uma matéria da Folha de São Paulo que indica mais um avanço nas pesquisas em relação à lesão medular. A matéria, intitulada "Antidepressivo ajuda a recuperar lesão de medula", não aponta pra uma cura definitiva, mas é mais um indicativo que estamos no caminho certo.
Como bom menino que sou, resolvi facilitar a vida de vocês e colocar a matéria aqui. Quem tiver curiosidade, fique à vontade.



Antidepressivo ajuda a recuperar lesão de medula, mostra estudo

CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo



Um antidepressivo comum associado a um programa intensivo de treinamento em esteira pode ajudar pessoas com lesões parciais da medula espinhal a andar mais rapidamente e com mais desenvoltura, revela uma pesquisa inédita apresentada anteontem em congresso de neurociência que acontece em Chicago (EUA).
Os antidepressivos são usados para tratar dor crônica de lesionados na medula, mas é a primeira vez que um estudo com humanos mostra benefícios na recuperação motora.
Segundo os autores, o uso de um antidepressivo inibidor da recaptação de serotonina ajudou a fortalecer as conexões nervosas remanescentes da coluna, dando aos pacientes mais capacidade de controlar os músculos das pernas.
"A droga por si só não é milagrosa. Você precisa é da droga mais o treinamento", explica o médico George Hornby, professor do Instituto de Reabilitação de Chicago e um dos autores do estudo.
Segundo Hornby, foram testados os efeitos do antidepressivo em 50 pessoas que tinham capacidade parcial para mover-se, um ano após terem sofrido uma lesão da medula espinhal.
Durante oito semanas, os pacientes participaram de um treinamento em uma esteira motorizada, assistido por um robô ou por um fisioterapeuta. Eles tiveram o apoio de um suporte para não cair.
Cinco horas antes do treino, metade do grupo recebeu 10 mg de antidepressivo e a outra metade, placebo. Ambos os grupos melhoraram, mas aqueles que tomaram o remédio foram capazes de andar muito mais rápido, de acordo com Hornby.
Ele diz que a droga aumentou os espasmos musculares nos pacientes e que esses reflexos podem ser treinados. "Os pacientes que têm uma lesão da medula espinhal podem invocar esses reflexos para andar."
Os voluntários só tomaram o antidepressivo no dia do treinamento, mas os benefícios permaneceram mesmo depois que os efeitos da droga haviam passado, afirma o pesquisador.
Qualidade de vida
Segundo o médico Tarcisio Eloy Pessoa de Barros Filho, titular de ortopedia da USP e especialista em lesão medular, os resultados da pesquisa são "muito positivos", mas são necessários estudos maiores para que o tratamento seja incluído na prática clínica. "Está bem longe da cura, mas pode melhorar a qualidade de vida desses pacientes", diz ele.
Barros Filho explica que as pesquisas em animais já haviam demonstrado que o antidepressivo pode melhorar o tratamento de lesionados da medula porque facilitam a transmissão dos impulsos nervosos na coluna. "É uma peça a mais nesse gigantesco quebra-cabeça [que é a medula]."
De acordo com o neurologista Jaderson da Costa, coordenador do projeto e diretor do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUC-RS, o antidepressivo age aumentando a disponibilidade de serotonina em pacientes que ainda têm um substrato neural na medula (lesão parcial) e isso pode ajudar na recuperação motora.
Ele lembra que esse tipo de droga também pode melhorar a disponibilidade afetiva, o que faz com que os pacientes se engajem em um programa de treinamento com mais facilidade. "O cérebro ajuda o cérebro."
O médico Cícero Vaz, fisiatra do Hospital Israelita Albert Einstein, avalia que mais estudos serão necessários para comprovar se o benefício apontado pelo estudo é neurofisiológico (pela ação da serotonina nos impulsos nervosos) ou emocional. "Esse tipo de paciente tende à depressão. Será que, ao melhorar, não há mais aderência ao tratamento?"

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